Para
que saibas quão grande é o amor próprio que te tens, examina tua
alma. Perceberás então, as paixões com que mais se ocupa a tua
vontade. (Pois não encontrarás nunca a tua vontade sem paixões):
1º)
Se a alma está alegre ou triste;
2º) Se
as coisas que alegram ou entristecem (ou seja, a causa da alegria ou
da tristeza), está conforme aos preceitos divinos; ou se a
causa de todos esses sentimentos é o mundo ou apego às criaturas.
Quer dizer, se esses sentimentos proveem do fato de lidarmos
desnecessariamente com as coisas do mundo ou de lidarmos além do
grau suficiente e nem como Deus quer.
Se
assim acontece, é claro que o amor próprio domina a tua vontade e é
o seu motor em tudo.
Mas
se vemos que a vontade se ocupa de coisas que dizem respeito às
virtudes e que são da Vontade Divina, então devemos considerar
ainda um ponto:
3º) se
é a vontade de Deus que move nossa vontade ou se são nossas
complacências e caprichos, que o fazem.
Porque
acontece muitas vezes que alguém, movido por algum capricho ou
complacência, se dê a obras boas, como, por exemplo, às orações,
jejuns, comunhões e outras obras santas.
Podemos
nos examinar neste ponto, de duas maneiras:
A
primeira será
reparar se nos damos, indiferentemente, nas diversas ocasiões que se
apresentam, a todas as boas obras.
A
segunda maneira
será considerar se nos alegramos se tudo corre como queremos e nos
inquietamos e lamentamos se sobrevém algum impedimento.
Se
virmos que é Deus o motivo de nossos atos, ainda devemos examinar
qual o fim com que os fazemos. Se este for somente o agrado divino,
tudo está bem.
Mas
nunca poderemos garantir que tudo fazemos para agradar a Deus. O amor
próprio é muito sutil e se insinua até nos atos de virtude.
Quando
se manifesta esta fera do amor próprio, devemos persegui-la, com
ódio, não somente nas coisas grandes, mas também nas pequeninas,
até matá-la.
Sempre
se deve suspeitar das coisas ocultas. Por isso humilha-te, bate ao
teu peito, após uma obra boa, pedindo a Deus que te guarde do amor
próprio, e caso o tenhas, te perdoe.
Será
bom que te dirijas ao Senhor de manhã e faças mentalmente o
propósito de não ofendê-Lo mais, especialmente naquele dia,
mas de fazer sempre a Sua vontade e com o fim de lhe agradar.
Pedirás
por isso, muitas vezes, a Deus, que te socorra sempre e te proteja,
afim de que conheças e faças somente o que Lhe agrada e da maneira
que Lhe agrada.
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Retirado
do livro: O Combate Espiritual e o Caminho do Paraíso - Ven.
Servo de Deus Lourenço Scúpoli - Edição de 1939
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